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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Coisa Má

Cochicham entre dentes que ela tem uma coisa má. Cancro ou mesmo Sida, é ao que eles se referem, mas evitam a palavra, sempre a palavra, como se a palavra, proferida por suas bocas, saída entre os lábios deles, em sussurro que fosse, os pudesse misteriosamente contaminar.

A conversa, ao invés de revelar preocupação, o que à primeira vista nos poderia sugerir, reveste-se antes de fonte viva de mexerico, de alienação da sua própria vida, substituída e preenchida com a do alheio, numa íntima e secreta satisfação

Ela enfrentou os olhares deles, acompanhados de sorrisos baços sem graça ou vivacidade ou naturalidade sequer, retribuiu como pôde e passou por entre eles, abrindo caminho em silêncio e sentindo de seguida os olhares deles a cravarem-se-lhe nas costas como punhais afiados de dentes em serrilha.Ninguém a abordou. Trocam olhares entre si e mal ela se afasta o suficiente para não os ouvir, a conversa retorna até ao momento de ser substituída por outra, de carácter idêntico ou não, mas sem dúvida com o mesmo intuito, sobre outro alguém que deixara o grupo entretanto.

Não imaginam sequer, nem verdadeiramente lhes interessa, quão má é a coisa que ela tem."O suicida fracassado, utiliza o insucesso da sua própria morte induzida e fracassada para fazer crescer o rol de incapacidades com que se auto define, e dessa forma infligir maior dor e angústia à sua existência até a tornar de novo numa tortura dolorosa até ao humanamente insustentável. O suicida bem sucedido... bem...esse não está cá para contar."

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Porque eu preciso...eu vou!

Porque eu preciso...eu vou!


... à prova convívio de 14 Km, integrada na Maratona do Porto, dia 8 de Novembro de 2009:



Como? Quando faltam apenas 13 dias? Vejamos o que se arranja... ou antes, como me arranjo eu.

Com mais ou menos apetrechos e arreios, mais ou menos arranjada e alinhada, com um corpo mais ou menos pesado, peso esse que adivinho em franca expansão, livre e solto como cavalo bravo, a avaliar pelo que a besta tem pastado em prado verde, para além dos fardos de palha que se lhe apresentam à frente e aos quais ela não se nega, o certo é que eu conto lá estar, alinhar na Partida e cortar a Meta. Como? Não sei. Depois conto.

Até lá, quem tiver paciência, que me siga. De preferência até ao Porto, até à prova, que acredito, não se vão arrepender certamente.

Até amanhã querido diário.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Mini da Meia Maratona Sport Zone

Não sem alguma tristeza, mas também com alguma alegria, decidi sensatamente participar na Mini da Meia Maratona Sport Zone em vez de me aventurar a correr os 21097,5 metros, para os quais estava inscrita, com o dorsal 704, para correr por uma equipa (Cyber Runners) da qual me desencontrei completamente, e não fosse o II Meeting Bloggers incluir almoço, e não teria posto a vista em cima de ninguém, que e onde felizmente acabei por ter muito prazer em reencontrar e/ou conhecer.

Fiz a minha prova em 34m08s, para uma distância incerta a rondar os 6 Km


Hoje deixo apenas algumas fotos:

Antes da partida, posicionada na zona da partida da Meia, mas certificando-me que ninguém para essa prova estaria atrás de mim, o que acabou por ser um erro pois mal o tiro foi dado, ia sendo abalroada pela multidão da Mini, ávida para correr e/ou caminhar, sôfrega e sedenta de suor...Já acabada a minha prova, nitidamente curta e insuficiente (para o que eu queria e gostava, mas perfeitamente adequada às minhas (in)capacidades actuais):

E a pensar que, desta vez no final de uma prova, não vou dizer cheia de uma força tão sólida e firme como uma chama de vela em dia de tempestade, que para o ano vou voltar sim, mas para fazer a Meia, mas apenas dizer que para o ano, e até mesmo daqui a segundos, quando o post for publicado, simplesmente não sei onde estarei nem a fazer o quê. São estas as nossas certezas (?) de hoje:
Resultados da prova já disponíveis no site da Organização, RUNPORTO

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Meia Maratona Sport Zone 2009

O comboio ia apenas até ao Porto. Porto, porto... esse lugar onde se pode descansar e/ou encontrar protecção, abrigo, refúgio, destino. Mas se o destino deste comboio fosse o fim do mundo, como se o mundo fosse um planisfério e tivesse um fim, onde os carris metálicos fossem abruptamente cortados para lançar os vagões violentamente no vazio da escuridão, a ela não lhe faria diferença nenhuma. Absolutamente nenhuma. Simplesmente gozava o momento. Adorava andar de comboio. Sentir as carruagens deslizarem a alta velocidade sobre os carris enquanto a paisagem ia ficando para trás, dava-lhe um especial prazer. Como se fosse a vida dela a avançar. E assim, sem pensar no destino que levava, desviou os olhos da janela e voltou a pousá-los no livro que tinha aberto sobre o colo.

DORSAL: 704 NOME: ANA
APELIDO: PEREIRA
SEXO: F
DATA NASCIMENTO: 24-01-1969
CLUBE: CYBER RUNNERS
NACIONALIDADE: PORTUGAL
PROVA: Meia Maratona SportZone 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Saudades...

Quando ele lhe disse que tinha saudades da "Ana", ela não se apercebeu de imediato da dimensão e da gravidade da "coisa".

A "coisa" em que ela se andava a transformar há tempos, tal metamorfose de batráquio, que girino, um dia se vê no reflexo da água do lago, e em vez de princesa esbelta e desnuda, montada num cavalo alado de imaculado pêlo branco, é antes rã verde viscosa e escorregadia, que coaxa sem parar nos pântanos em noites de luar, à espera de ser beijada por quem não chega.

Ela não é esta. Ela não quer ser esta. Definitivamente, esta nao é ela. No entanto, esta é ela hoje. Não há outra. Hoje, ela é esta. E ela, esta, tem também saudades da outra, da "Ana"...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Corrida de Sesimbra 2009

“ Parecerá a muitos que este meu diário, feito para mim, é artificial demais. Mas é de meu natural ser artificial. Com que hei-de eu entreter-me, depois, senão com escrever cuidadosamente estes apontamentos espirituais! De resto, não cuidadosamente os escrevo. É, mesmo, sem cuidado limitador que os agrupo. Penso naturalmente nesta minha linguagem requintada.”

Fernando Pessoa


Corrida de Sesimbra 2009

5 de Outubro de 2009

Não me apetece especialmente falar da boa organização em geral, a cargo da Câmara Municipal de Sesimbra com o apoio técnico da Xistarca, do valor acessível das inscrições e da facilidade destas, da suficiente informação disponibilizada antes e depois da prova, nomeadamente no que às classificações diz respeito que foram muito rapidamente divulgadas na internet, no levantamento dos dorsais sem qualquer dificuldade no dia da prova, da boa segurança e sinalização do percurso apesar de alguma atribulação em certas zonas estreitas onde os atletas se cruzavam, nomeadamente no porto de pesca, nem da animação geral, quer do público quer da organização. Nem sequer me apetece falar das medalhas de presença e das bonitas t-shirts que a todos foram oferecidas, nem dos suficientes abastecimentos ou da pontualidade que existiu, ou da falta de exactidão da distância anunciada, ou ainda da meta organizada ou do controlo por chip. Muito menos me apetece falar das 58 mulheres e dos 584 homens chegados à meta este ano, contra as 61 e os 574 do ano passado, nem dos vencedores nem dos prémios monetários por classificação. Nem dos tempos ou de outros números, nem de muitos outros dados e factos que confirmariam que esta edição foi mais uma edição de sucesso, merecendo a preferência dos atletas, e os meus sinceros parabéns à entidade organizadora e todos os seus apoiantes.

Apetece-me sim falar da corrida. Da minha corrida. Do mar e de mim e do amor. Daquele que me faltou, do que me acompanhou e do que fui encontrando pelo caminho, em variadas formas. Tão variadas quanto as formas de vida. É isto a vida, é isto a corrida. É partir com esperança, e esta se perder e se encontrar vezes sem conta. Sem nunca nos darmos por vencidos. É sorrir e chorar e sentir o sal do mar nas nossas lágrimas caladas que já não têm razão de ser, mas que ainda assim espreitam, sobem num laço apertado até à garganta e se querem fazer soltar, dizendo agora que são de alegria. É encontrar a doçura da vida nos olhos da minha filha e do meu pai, e deixar-me abraçar por eles enquanto corro mesmo já em sofrimento.

Quero falar do bem que ela me faz. Do abraço que me dá em cada passo que dou. Em cada meta que alcanço, em cada olhar, em cada pulsar de sangue sob o efeito dela. Quero falar dela. Do amor por ela. Quero falar dela e dizer tudo o que ela me dá e me faz ser e sentir, mas por mais palavras que debite… nitidamente …não consigo…

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Corrida de Sesimbra

5 de Outubro de 2009 - Corrida de Sesimbra 2009




Ao fim de tanto tempo, tanto que se perde no próprio tempo ou na memória que não se quer lembrar, volto a calçar os ténis e vou correr. Não. Não fui treinar, como deveria andar a fazer.

Fui à Corrida de Sesimbra. 10 km anunciados. 1h00m21s de tempo gasto. A conversar e a rir durante uma hora, dividida em duas partes, onde na primeira fui genuína porque ia muito bem, e na segunda onde o disfarce foi mal feito e até deu para me interrogar o que fazia eu ali e considerar seriamente a desistência desta relação de amor nada fácil.

Depois...quando termino e agora mesmo nesta hora, reencontro a resposta. Preciso dela. Se ela de mim precisa é-me indiferente, mas eu, clara e inequivocamente, preciso dela!

Classificações no site da Xistarca

Fotos na Galeria do site da AMMA