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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

TROFÉU DA CAPARICA 2009 – 22 de Novembro de 2009

A Margem Sul e a Corrida

Tempos houve em que havia o Troféu. O Cidade de Almada. Depois acabaram com ele. Teimosamente há quem insista em manter as "suas" provas.

A Junta de Freguesia de Caparica é uma dessas entidades. Teimosas. Positiva e espectacularmente teimosas. E por certo principalmente por isso, pela insistência em manter uma corrida, uma manhã de domingo com gente a correr, com provas para todos os escalões, desde os mais pequeninos aos mais idosos, lá se criaram condições para a prova se realizar.
E foi ontem, dia 22 de Novembro que se realizou a prova de atletismo Troféu da Caparica 2009.

Bandeiras hasteadas, uma mesa com taças, troféus e medalhas e t-shirt, e água e bolos e fruta para oferecer na chegada a todos os participantes, um portal insuflável de Partida e Meta, fitas delineadoras de parte do percurso e do funil para a meta,uma ambulância, bombeiros e polícias, um secretariado disponível e eficaz, e certamente muita boa vontade, ofereceram a "meia-dúzia" de atletas uma corrida que cumpriu as condições mínimas, em oposição à vontade e voluntariado que foi de nível próximo do máximo.

Trânsito apenas condicionado num percurso bem sinalizado e acompanhado por elementos da organização.

Provas por escalões, com muito fraca participação, não ultrapassando mesmo as escassas dezenas na prova principal.

Não deixou por isso de estar de Parabéns a Junta de Freguesia de Caparica, que proporcionou uma manhã desportiva a tantos quantos tiveram a possibilidade de lá se apresentarem para participar.

A minha prova:


Atravessei o rio como quem volta a uma vida e afinal a vida é nova, estreia-se em cada dia em que se tem a sorte de acordar. Saudades de uma margem que estará sempre lá para mim.

Regresso forçadamente para me obrigar a um gosto que há muito não tinha.

Eu mereço e eu hoje vou correr outra vez. Pelos Sargentos, amigos, companheiros e conhecidos. Outros também, de outras equipas ou de equipas nenhumas. Companheiros de corrida, que partilham uma estrada, um caminho, um trilho, por breves trechos da nossa vida, no tempo que dura uma corrida e enquanto o cronómetro não se desliga.
O ambiente é alegre, popular e um tanto ou quanto brejeiro. Depressa tenho o meu dorsal, cumprimento amigos e tomo o café obrigatório no meu caso.
Vejo partir os pequeninos, com um empenho e dedicação pela corrida que provavelmente os adultos não lhes saberão manter. Capto-os para os olhar nos olhos e absorver as suas expressões sempre que me esquecer do que a corrida me dá.
Depois tenho de aquecer. Sozinha e com amigos, sob um sol bonito.
Depressa se faz a chamada para a minha prova: 4 veteranas e 2 jovens raparigas e 2 rapazes. Sim, a corrida vai-se fazer ao longo de 3550 metros para este punhado de gente.
Punhado mal cheio que se dispersará pelo asfalto rapidamente.

Cronómetro ligado e a adrenalina de novo no sangue. Uma carrinha de caixa aberta, das obras, abre-nos o caminho aos solavancos e avançamos. Um rapaz e uma rapariga vão na frente. Segue-se a Magui e eu na sua sombra apenas no 1º km, que fiz em 5m04s. No 2º Km deixo a Magui afastar-se para a frente e alcanço-o com 5m28s. Depois, não que me sinta quebrar muito (e não quebrei a ver pelos 5m21s quando alcanço o 3º Km) mas sou passada por outra mulher.Continuo com a energia que me resta e corro, corro para a meta, como quem corre para os braços de um amor, do amor que temos.Desligo o cronómetro com 18m46s para a distância de 3550 metros. Nitidamente satisfeita.
Promessas não há. Nem de mais provas, nem de grandes ou pequenos planos, nem de treinos nem desafios nem de programas arrojados nem de nada. Apenas um sorriso e uma satisfação de quem teve um pedaço de dia feliz, inserido num fim-de-semana feliz, ali a suar e a sentir o coração e os músculos e o ar e o sol e o céu, e absorver isso tudo e mais coisas ainda numa lufada vigorosa em cada inspiração que enche os pulmões, e deles se liberta de novo, depois de purificar e renovar o sangue e a alma desta mulher, ficando ainda a certeza que a corrida é fundamental e imprescindível para a sua existência e sobrevivência.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Atravessou os portões, abertos de par em par como que a acolherem-na ou a convidarem-na a entrar.

O edifício estava iluminado, fortes holofotes incidiam nele a fazerem-no sobressair da noite e da escuridão envolvente em que se encontrava. Portas altas e estreitas e janelas similares, como olhos a mirarem-na do alto, uns abertos, outros meio fechados, conforme as persianas estavam subidas ou descidas. Iluminados alguns, às escuras a maioria, como a guardar quem a vigiava, em segredo e silêncio, supostamente protegidos de um mundo austero.

O edifício olhou-a do alto. Imponente, majestoso e misterioso, austero, frio e forte. Como uma fortaleza no meio da cidade. E o silêncio… Ao mesmo tempo aterrador e reconfortante. É noite na cidade. Há o burburinho do trânsito lá fora, para lá dos portões, o normal para uma hora de ponta ao fim do dia na metrópole, mas ali dentro, há sossego e paz. Por instantes ela desejou pernoitar. Em paz e sossego, e dormir uma noite bem dormida como há muito tempo não dorme. Esta noite. E talvez outra e mais outra ainda.

Mas não. Não será certamente esta noite ainda. Pelo menos ali, protegida pelas espessas paredes cor de rosa suave, a fingir uma doçura e a esconder uma realidade dura por trás delas. Tão suave e tão dura como a vida cá fora afinal. E há uma vida para viver, um fim de semana para passar e uma corrida para correr. Por isso ela deu meia volta e voltou a atravessar os mesmos portões, agora em sentido oposto, com a certeza no entanto, de que vai lá voltar.

terça-feira, 17 de novembro de 2009


Ela sabe que o vai fazer. Talvez hoje. Ou talvez não hoje ainda. A noite mal dormida, as horas a olhar para as horas, satisfeita por ainda ter horas para dormir que acaba por não dormir e apenas lhe dar mais horas a olhar para as horas, não lhe favoreciam o optimismo nem a clareza de ideias. Mais valia que estivesse a dormir. Quantas vezes, o que pensamos é tão…tão… que mais valia estarmos a dormir e não pensarmos sequer.

Mentalmente previu a cena. O levantar, enfiar as calças de ganga e a camisola, abrir a gaveta, libertar os comprimidos azul bebé ou cor-de-rosa ou de outra qualquer cor suave e doce de que se gostaria a vida ou a morte, com a certeza no entanto, de que esta não o é, nem doce nem suave, pois é sempre feia e fria e cheira sempre mal até nos nausear e revolver as entranhas até estas nos saírem pela boca num clímax de horror, do blister de plástico transparente, e em grupos de três ou quatro introduzi-los sobre a língua, para de seguida engoli-los com um grande copo de água.

O levar os filhos à escola, despedir-se com um beijo e um abraço, detectar que o carro está amassado e não ter dado conta de ter batido ou encostado sequer. A insensibilidade ou a falta de memória, deixa-a admirada mas não a assusta. Voltar a casa e deitar o corpo sobre a cama e sentir afundar-se nela. Não sabe se acordará ou se quererá sequer voltar a acordar. Não sabe se será hoje ou não. Até um dia a vida a apanhar sem surpresa afinal e a lixar. Numa altura em que ela não quererá, adivinha...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

6ª EDP MARATONA DO PORTO – 8 de Novembro de 2009

A Maratona do Porto sempre teve para mim um encanto e valor especial. Não porque fosse a minha primeira e por isso se revestisse de encantos nupciais, ou aquela onde fiz a minha melhor marca, pois também não o foi. Foi apenas aquela em que desisti há 2 anos atrás e que se mantém como a minha última tentativa de percorrer a mítica distância. Até hoje.

No entanto, o que me fez nascer e manter este perfeito enamoramento foi a coragem e força de um homem há 5 anos atrás, numa cidade do Norte, e ter dado à luz uma prova Rainha como quem gera um filho, num país só aparentemente de pouco mais de meia dúzia de maratonistas, pois na realidade eles existem embora até hoje prefiram as provas onde se perdem escondidos entre milhares, e ter cuidado desse filho com tanto carinho e dedicação que o tornou um caso sério no panorama da Corrida em Portugal.

A pedra fora lançada em 2004. Nessa 1ª edição, com apenas pouco mais de 300 atletas chegados, mas já a mostrar a qualidade de uma organização que prometia uma grande Maratona.

Este ano, a 8 de Novembro, 6ª edição, a prova teve mais de 800 atletas chegados. Mais um salto significativo no número de participantes, que usufruíram das condições oferecidas pela que é a melhor Maratona de Portugal.

Não a corri outra vez. Fiquei-me por uma das duas provas que decorreram em simultâneo: a Corrida da Família com 14 Km, e a Mini/Caminhada, prova sem classificação.

A organização: impecável. De um evento que colocou na rua cerca de 7500 indivíduos no total das 3 provas.

Destaco positivamente as zonas de partida, divididas e organizadas. O café oferecido antes da partida. A animação. O apoio da Cruz Vermelha. O trânsito cortado. As massagens no final. Os prémios de presença. A Feira. A “Pasta Party” apesar de já ter sido melhor em edições anteriores. O levantamento dos dorsais. A meta. O apoio logístico em termos de transportes. Os abastecimentos. A marcação dos quilómetros. As classificações rápidas, assim como as entregas de prémios. A beleza do percurso. O profissionalismo. O apoio psicológico por entidade competente.

Por tudo isto e mais alguma coisa, esta é sem dúvida a melhor Maratona de Portugal, que merecia ter muitos mais participantes. Se disser que para o ano, eu conto engrossar o número de atletas que usufruirão de uma Maratona de qualidade em Portugal, estou simplesmente a ser verdadeira. Porque há coisas que não se devem perder. E eu já perdi demais.


A minha prova dentro da 6ª EDP Maratona do Porto:

Family Race – Corrida da Família – 14 Km

Há coisas que se têm de preparar com antecedência. Uma Maratona é uma delas. Meses antes comecei uma vez mais a reservar lugares para os interessados em fazerem a viagem Lisboa-Porto-Lisboa, oferecida pela Runporto por um custo reduzido. Com o autocarro meio cheio e meio vazio, perdi todos os dados. Recuperados os dados com algumas dores de cabeça, e vejo-me na manhã da véspera da prova, na capital de Portugal, pronta a embarcar em mais uma aventura junto com 50 atletas, divididos pelas 3 provas. Estou nervosa, claro que estou nervosa. E se alguma coisa corre mal? Não há-de correr, mentalizo-me.

Chegamos ao Porto perto da hora de almoço. Uma Feira com um ligeiro cheirinho a lembrar a minha única internacionalização, Paris. Come-se massa, levantam-se os dorsais, uma volta pelos stands, dos quais destaco o Apoio Psicológico ao Maratonista, que este ano dispensei por razões óbvias, apesar de ser sempre um prazer reencontrar a Tatiana e a Helena, que desde a 2ª edição me apoiaram grandemente de forma profissional para além de simpática. No tempo em que eu era uma Maratonista activa.

Desta vez limitei-me a conversar, a reencontrar amigos, a apreciar a Feira e a resignar-me outra vez com a minha condição de participante nos 14 Km em vez da Maratona. Não posso negar uma certa nostalgia que afasto com a racionabilidade possível.

O dia da prova:

O pequeno almoço é serviço a partir das 6:00hrs. Somos levados para a partida, onde encontros e reencontros se dão. Três partidas diferenciadas: Maratona, 14 Km e Mini. Café, casa de banho, fotos e beijinhos e ocupo o meu lugar. Estou só. Como gosto e preciso de estar também. Comigo. Partimos. Pouco depois avisto três amigos que iam para a Maratona: António, Eliana e Carlos que se ia estrear na distância. Foi muito bom encontrá-los. É bom estar só mas melhor ainda estar com amigos. Conversamos. Animo e incentivo o Carlos e vou com eles em pensamento, mesmo quando chego ao Km 10 e temos de seguir percursos diferentes. A corrida foi-me fácil até ali. Muito fácil, como se o meu corpo voasse, agora como voa o meu espírito e segue com aqueles três amigos para a Maratona. De imediato avisto a Lígia, uma amiga que vai para os 14 Km como eu. Parece-me que vai a quebrar e apanho-a com facilidade. O ânimo não se me desvanece e sigo com ela num ritmo idêntico pois não estou propriamente folgada. Corremos juntas até à meta onde termino os 14 Km com 1h23m46s. Nada mau, penso. E não me custou muito. E soube-me muito bem. Tão bem como já há muito tempo o acto de correr não me sabia.

Reencontro o meu pai, a minha filha e amigos que tinham ido caminhar. Com excepção do meu pai, não espelham a minha alegria, como eu gostaria, pois a chuva miudinha não lhes tornou o passeio tão agradável como esperavam. Por mais que queiramos partilhar, e por melhor que seja a nossa vontade e intenção, há coisas que serão sempre só nossas e de difícil compreensão para terceiros.

Em silêncio, secretamente, porque a mais ninguém interessa ou diz respeito, prometo-me que dia 7 de Novembro de 2010 estarei de novo ali, no Porto, para correr a 7ª EDP Maratona do Porto.

Ana Pereira

Novembro 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

6ª EDP MARATONA DO PORTO

Realizou-se dia 8 de Novembro de 2009, pela 6ª vez consecutiva, uma Maratona nascida numa cidade esquecida (só para rimar), que se tem vindo a afirmar, de ano para ano, e em apenas 5 anos é já hoje, inequivocamente a melhor Maratona de Portugal: foi a 6ª EDP MARATONA DO PORTO

E eu, outra vez estive lá. Desta vez para correr 14 Km, e "levar" um autocarro com 52 participantes no evento, autocarro esse disponibilizado pela Organização, Runporto, que por um valor reduzido (Eur 10,00) ofereceu a viagem Lisboa-Porto-Lisboa.

A saída de Lisboa, Campo grande:
Já na Expo Maratona :
Com o Director da prova, Jorge Teixeira:
Domingo, 8 de Novembro, minutos antes da prova, entre amigos:



Entre amigos e com Alberto Chaiça que acabou por ser o 2º classificado na Maratona:




Quero correr!:
O aquecimento:
Mesmo antes da partida:
Com a minha filha e o meu pai:
O meu pai:
A corrida espelhada no rosto, com vontade de correr a Maratona, mas feliz na mesma com a possibilidade de correr 14 Km:
A cauda das provas, a Caminhada, com todos os restantes participantes já lá para a frente:
Eu e Lígia, no final da nossa prova (14 Km), junto à tenda da Cruz Vermelha, depois de cortarmos a meta, onde, sem eu saber bem como, o meu cronómetro marcava 1h23m46s :
O regresso do autocarro, a sair do Porto, com um Adeus e um até para o ano:

Antes disso, provavelmente já amanhã, cairão aqui mais algumas palavras, mas por hoje é só.

Até amanhã querido diário